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Andiroba: o ouro "amargo" da Amazônia

A andiroba é fonte de renda, preservação ambiental e desenvolvimento sustentável para comunidades da Amazônia.

Andiroba: o ouro "amargo" da Amazônia
Andiroba: o ouro "amargo" da Amazônia (Foto: Reprodução)

A andiroba, cujo nome vem do tupi nhandi’rob – “óleo amargo” –, é uma planta nativa da Amazônia brasileira e carrega uma enorme importância cultural, medicinal e econômica para povos tradicionais e indígenas da região. De nome científico Carapa guianensis e pertencente à família Meliaceae (a mesma do mogno), a andiroba é uma árvore imponente, que pode alcançar até 30 metros de altura. Seus frutos, ao cair no chão, se abrem e liberam sementes oleaginosas de onde se extrai o valioso óleo de andiroba. Tradicionalmente, esse óleo é utilizado para aliviar dores musculares e reumáticas, tratar picadas de insetos e reduzir inflamações. Rico em propriedades anti-inflamatórias, cicatrizantes e repelentes, também é ingrediente de cremes hidratantes, sabonetes naturais e produtos f itoterápicos. Além de seu valor medicinal e cosmético, a andiroba desempenha um papel essencial na conservação da biodiversidade. Suas sementes alimentam animais da floresta e sua extração, quando feita de forma sustentável, gera renda para comunidades ribeirinhas sem causar danos ambientais.

O saber da floresta:

Segundo Dona Evaneide Pimentel, moradora da comunidade Nova Colônia, no município de Óbidos, no oeste do Pará, o processo de extração do óleo é totalmente artesanal e exige paciência: “A gente coleta o fruto que cai da árvore. Depois cozinha e coloca pra descansar dentro de uma saca ou pano, até fermentar. Depois de alguns dias, a gente abre e tira a massa de dentro do fruto. Em seguida, amassa tudo até virar uma massa homogênea. Aí sim está pronta pra sair o óleo, que a gente coloca num recipiente ao sol e espera que ele vá se formando devagarinho”, relata.

Esse saber tradicional, passado de geração em geração, é um dos pilares do extrativismo sustentável da região, contribuindo não só para a economia local, mas também para a preservação da floresta.


A andiroba na Indústria de Cosméticos, Propriedades cosméticas do óleo de andiroba:

A indústria de cosméticos é um dos principais destinos do óleo de andiroba, valorizando suas propriedades naturais e posicionando-o como um ingrediente de destaque na cosmética natural e sustentável.

Cremes hidratantes: Utilizados no corpo e no rosto, são especialmente indicados para peles sensíveis ou que apresentam dermatites leves.

Sabonetes naturais: Os sabonetes artesanais com andiroba são populares por sua ação calmante e cicatrizante.

Óleos corporais e de massagem: Muito empregados em spas e terapias alternativas, graças ao seu efeito anti-inflamatório.

Shampoos e condicionadores: Formulados para tratar couro cabeludo sensível, reduzir coceiras e combater a caspa.

Pomadas e bálsamos: Indicados para o cuidado de áreas ressecadas, picadas de insetos ou inflamações leves.

Repelentes naturais: O óleo de andiroba atua como um repelente eficaz e seguro.

Com o aumento da demanda por cosméticos mais naturais, éticos e sustentáveis, o óleo de andiroba tem se destacado como:

Uma alternativa aos compostos químicos agressivos;

Um ingrediente-chave na exportação de cosméticos naturais brasileiros.


Renda local

Para muitas comunidades amazônicas, a extração da andiroba é uma importante fonte de renda, reforçando o modelo de economia sustentável e de baixo impacto ambiental.

Organização comunitária

Cooperativas e associações têm surgido para fortalecer essa cadeia produtiva, oferecendo certificações como “orgânico” e “comércio justo”, que valorizam o produto no mercado global.

Exportação e demanda internacional

A crescente demanda global por produtos naturais tem impulsionado a exportação do óleo de andiroba para mercados como Europa, América do Norte e Ásia.

Bioeconomia

A andiroba integra o grupo de ativos amazônicos mais promissores, ao lado do açaí, da castanha-do-pará e do cupuaçu.

Certificações e regulamentações

Para atingir mercados externos, é fundamental garantir a origem sustentável do produto e cumprir as exigências das regulamentações ambientais.

Importação e produção

Apesar de o Brasil ser o maior produtor, algumas empresas ainda importam óleo semi-industrializado para atender à demanda da produção interna.

Valor agregado e preservação ambiental

Ao gerar produtos de alto valor agregado, como cosméticos e medicamentos, a andiroba reforça a ideia de que a floresta em pé é mais lucrativa do que desmatada. Sua preservação está diretamente ligada ao desenvolvimento de uma economia sustentável, que une conservação ambiental, valorização cultural e comércio justo.

Símbolo amazônico

Considerada um verdadeiro “ouro amargo”, a andiroba simboliza a riqueza natural da Amazônia e fortalece projetos de economia solidária, mostrando que é possível viver da floresta sem destruí-la.

Apesar de ser um produto natural, o uso medicinal do óleo de andiroba deve ser feito com cautela e sempre com orientação de um profissional. O uso inadequado pode causar reações adversas ou interferir em tratamentos já existentes. Produtos naturais também possuem princípios ativos e devem ser utilizados com responsabilidade.

Por Neidiane Mendes – Rádio Atalaia FM 90.5, Óbidos/PA.